O massacre de Eldorado dos Carajás completa
23 anos nesta quarta-feira (17). O episódio ocorreu durante o governo Almir
Gabriel (PSDB) e resultou na morte de 19 trabalhadores rurais sem-terra e
deixou 70 feridos após confronto com 150 policiais militares. Os camponeses
estavam acampados na chamada curva do S, na atual BR-155, bloqueando aquela
via.
Eram
cerca de 1.500 manifestantes que exigiam a desapropriação da Fazenda Macaxeira
e que decidiram marchar pela rodovia em direção a Belém. A PM recebeu ordem do
então governador para que a via fosse desobstruída, ocorrendo em seguida o
conflito. Para lembrar essa triste data, o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) promove, desde segunda-feira (15), a “Jornada de Lutas por Reforma
Agrária Popular em Defesa da Amazônia, Massacre Nunca Mais!”.
Cerca
de 250 membros da entidade estão acampados na Praça Floriano Peixoto, em frente
ao Mercado de São Brás, em Belém. Simultaneamente, no município de Eldorado dos
Carajás, sudeste paraense, cerca de 500 jovens camponeses também realizam atos
na curva do S.
Porta-voz
da coordenação do MST no Pará, Raimundo Nonato Filho explica que há 23 anos os
trabalhadores rurais de todo o País realizam atos em memória das vítimas do
massacre. Ele ressalta que o episódio foi reconhecido mundialmente como uma
chacina e decretado por lei como Dia da Reforma Agrária no País. A jornada em
Belém faz parte do movimento nacional em prol da luta pela reforma agrária.
“É
também contra os massacres, contra as grilagens de terra, contra a impunidade
no campo, pois foram muitos assassinatos e não foi possível ter um julgamento
justo. Então faz parte da nossa jornada essas reivindicações”, afirma.
FEIRA
Quem
passa por São Brás também tem a oportunidade de prestigiar a 5ª Feira da
Reforma Agrária “Mamede Gomes” que, além de comercializar alimentos orgânicos,
promove ainda debates sobre a produção de alimentos saudáveis, educação e
cultura, sobre os direitos sociais, além da exibição de vídeos, exposição de
fotografias e apresentações culturais.
Cerca de 250 membros do MST estão acampados na Praça Floriano
Peixoto, em Belém (Foto: Wagner Santana/Diário do Pará)
MST busca realizar
rodada de negociações
Em
Belém, os integrantes do MST pretendem realizar uma rodada de negociações com o
Governo do Estado e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), representando o Governo Federal.
“Com
o Governo do Estado, a nossa reivindicação é que se comprometa a fazer a
reforma agrária, utilizando instituições como o Iterpa para barrar a grilagem
de terra e inibir o avanço do capital e dos monocultivos do agronegócio sobre
os territórios camponeses”.
Ele
diz ainda que o Estado deve atuar em outros pontos em favor dos camponeses.
“Que também contribua na política agrícola que é função de diversos órgãos e
com as demais políticas de importância para o campo, como educação, saúde e
tudo que qualifica e dignifica a vida de um ser humano”, pondera.
INCRA
Com
o Incra, o MST pede uma reunião para tratar sobre as denúncias de crimes
cometidos contra os camponeses. “Queremos que a ouvidoria do Incra cumpra a sua
função social”, diz. “Há sucateamento e tentativa de fechamento desse órgão por
parte do Governo Federal, para que os camponeses não tenham acesso à terra”,
reforça.
(Pryscila
Soares/Diário do Pará)
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