Indígenas cobram Justiça pela morte do ‘parente’
Um caso que gerou grande comoção em toda a nação indígena Mundurukú repercute até hoje e ainda está em fase de instrução dos processos movidos pelo Ministério Público Federal e já oferecidos como denúncia à Justiça. Foi a partir da operação eldorado, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2012, que resultou na morte por baleamento do indígena Adenilson Kirixi Mundurukú. O índio foi atingido por quatro tiros, disparados pelo delegado Antonio Carlos Moriel, que integrava a operação. Os projéteis atingiram as pernas e a cabeça do indígena, que morreu no local.
Caso gerou repercussão e uma série de protesto (Arquivo)
Quase oito anos depois, os processos, tanto da ação civil pública quanto na área criminal, ainda tramitam na Justiça, e, nesta semana, começaram as audiências de instrução. Em Itaituba, estão sendo ouvidas onze testemunhas, todas indígenas. O delegado envolvido na questão será ouvido em Brasília, e a audiência será acompanhada em Itaituba por vídeo conferência.
No Rotary Clube, famílias acompanham depoimentos por vídeo-conferência
Na sede do Rotary Clube, foi montada uma central de recepção, para que parte dos indígenas que estão em Itaituba possam acompanhar as audiências em vídeo-conferência. Na terça-feira e na quarta (12), aconteceram as audiências de instrução da ação civil pública. Já nesta quinta-feira e na sexta (14), serão tomados os depoimentos dentro do processo criminal. A ação civil pública, movida pelo MPF, pede indenização pela morte do ingígena. Nós queremos apenas Justiça; que o Judiciário Federal assegure que nosso povo recebe indenização, e que esse homem que ‘assassinou’ nosso parente seja condenado”, aponta Eliano.
Eliano Waro: “Foi assassinato!”
Outro grupo, com pelo menos setenta indígenas, se concentrou em frente ao prédio da Justiça Federal para acompanhar as audiências. Eliano Waro, da Associação Indígena Dace, diz que a manifestação é pacífica, e tudo o que os indígenas querem é que sejam tomadas providências com critérios de justiça social, em relação aos dois processos, tanto cível quanto criminal. Ele ainda reforça que o laudo da perícia feita no corpo de Adenilson apontou que houve intenção de matar, já que o disparo aconteceu por trás, e não poderia caracterizar uma ação por legítima defesa, como afirmou o delegado federal.
Ediene Kirixi: “Não houve legítima defesa!”
Ediene Kirixi é sobrinha de Adenilson. Ela também enfatiza que as lideranças vieram a Itaituba para trazer a mensagem da nação Mundurukú, exigindo que seja feita justiça no caso. “Ele não agiu em legítima defesa como disse; ele matou nosso tio; ele atirou e matou, foi só isso. A nossa dor já tem oito anos, mas é recente. Nós queremos Justiça”, diz a líder indígena.
Fonte: Portal Mauro Torres
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