quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Terra indígena no Pará teve recorde de desmate sob Bolsonaro

Vinícius Mendonça/Ibama

Alvo de grileiros, a Terra Indígena (TI) Ituna/Itatá, no Pará, sofreu uma onda de desmatamento sem precedentes em áreas protegidas nos últimos dois anos. A avaliação é da iniciativa Mapbiomas, o maior programa independente de monitoramento do solo por satélite no Brasil.

Imagens geradas pelos sistema Planet/SCCON e analisadas pelo MapBiomas mostra que, em 2017, a TI Ituna/Itatá, de 142 mil hectares, estava praticamente intacta. Dois anos depois, é possível ver estradas e grandes áreas desmatadas. "Nunca vi nada parecido", afirma Tasso Azevedo, do projeto MapBiomas. "Tem todos elementos de uma coisa sistemática e intencional de inviabilizar a área protegida."

A situação é mais dramática por se tratar de uma área de índios isolados, bastante vulneráveis, afirma Azevedo. Ao longo da história, são inúmeros os casos de etnias extintas por não terem baixa imunidade a doenças como gripe e sarampo.

Localizada na região da usina de Belo Monte, Ituna/Itatá é uma área de restrição de uso, por meio de uma portaria renovada em janeiro de 2019, com validade de três anos. O objetivo é permitir que a Funai faça estudos sobre o grupo de isolados, de etnia desconhecida, e garantir a sua proteção. A política oficial é de que o contato com não indígena seja feito apenas de forma voluntária pelos isolados.

Com a eleição de Bolsonaro, contrário à demarcação de terras indígenas, os grileiros invadiram a área protegida com a expectativa de que Ituna/Itatá deixe de existir. A ação conta com o apoio do senador Zequinha Marinho (PSC-PA). Em janeiro, Marinho chamou os fiscais do Ibama de "bandidos e malandros" por destruir e aprender equipamento na TI.

Para legalizar as invasões, o senador conta com a assessoria do antropólogo bolsonarista Edward Luz. No domingo (16), ele foi detido e algemado dentro da Ituna/Itatá após tentar impedir a fiscalização do Ibama.

Seu pai, que também se chama Edward Luz, é o presidente da organização evangélica MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil), expulsa, no começo dos anos 1990, da região habitada pelos índios zoés, no Pará, contatados ilegalmente por eles.

Recentemente, a Funai nomeou o teólogo e missionário da MNTB Ricardo Lopes Dias para a Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Fonte: FOLHAPRESS

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