segunda-feira, 24 de junho de 2019

Pará tem hoje 12 mil jovens que não conseguem acessar o mercado de trabalho

Dificuldades de concluir os estudos culminam com problemas para trabalhar
Milhares de jovens paraenses estão à procura de emprego (Fábio Costa / O Liberal)
Além da dificuldade de concluir os estudos, os jovens do Pará encontram obstáculos para entrar no mercado de trabalho. A Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na última semana, aponta que 56,8% (1.255.280) dos 2.210.000 milhões paraenses entre 15 e 29 anos estavam desocupados em 2018. Entre eles, uma fatia de 25,6%, ou quase 567 mil indivíduos, tampouco estavam estudando. São os chamados nem-nem, que não estudam nem trabalham.
De acordo com o levantamento, o grupo “nem-nem” praticamente não se alterou em relação ao ano de 2017 (25,7%). Já na comparação com 2016, quando se iniciou a análise do IBGE, foi observado um incremento de 46 mil jovens paraenses nessa condição – eram 23,7% das pessoas nessa faixa. Em Belém, são mais de 130 mil jovens nesse grupo, o que corresponde a 23,3% do total de 562 mil pessoas na mesma faixa-etária. Em 2016, eram 20,4% ou 117 mil pessoas.
A questão de gênero também se reflete na Pnad. Segundo a pesquisa, o percentual de pessoas que não trabalha nem estuda é muito maior entre as mulheres. A margem masculina é de 17% enquanto a feminina chega a ser o dobro: 34,4%. “As mulheres estão comprometidas com outras formas de trabalho que não são contabilizadas, como afazeres domésticos, cuidado familiar de idosos, pessoas doentes e crianças. Por isso, encontram menos tempo para estudar ou trabalhar”, explicou a analista de informações do IBGE, Michella Reis.
Os números do IBGE mostram ainda que 34,1% das mulheres paraenses entre 15 e 24 anos estudavam, mas não estavam ocupadas no mercado de trabalho no ano passado. Com mais esse dado, a pesquisa chama a atenção de que sete em cada dez jovens (68,5%) estavam desempregadas em 2018. Entre os jovens do sexo masculino, a parcela sem ocupação chega a 45,5%, sendo que 28,5%, pelo menos, estava matriculada em uma escola, faculdade, curso técnico de nível médio ou de qualificação profissional.
A desigualdade racial também é destacada na pesquisa. “A mulher tem desvantagens em relação aos homens no mercado de trabalho, mas tem vantagens no nível de escolaridade. Já negros e pardos têm desvantagens em ambos os casos”, aponta Marcella. Em 2018, 26,6% da população negra ou parda não estudava nem trabalhava no Pará, ante 20,7% das pessoas brancas. No geral, 57,6% dos jovens negros estavam desocupados no ano passado. Entre os jovens da cor branca, a margem era de 52,7%.
Chances de perder o emprego também são acentuadas, diz FGV
Para Marcelo Neri, diretor da FGV Social, o jovem brasileiro enfrenta ainda outras armadilhas. “Há um problema muito grande para jovens que buscam o primeiro emprego, mas o problema não para por aí. Mesmo os que vencem a barreira do desemprego tendem a voltar para a desocupação”, observou. Segundo o diretor, a chance de pessoas na faixa etária entre 15 e 29 anos perder emprego no próximo ano é de 19,1%, enquanto para outros recortes de idade, é de 14,5%.
Em todo o País, 51,6% dos 47,3 milhões de jovens entre 15 e 29 anos estavam desocupados no último ano. A proporção destes jovens que não estudam nem trabalham foi de 23,0% ou 11 milhões de indivíduos. De um ano para o outro, esse contingente se manteve estável e, em relação a 2016, cresceu 5,5%, o que equivale a mais 619 mil pessoas nessa condição.
Entre as mulheres, 28,4% não estavam ocupadas, nem estudando ou se qualificando, percentual estável frente a 2017. Entre os homens, 17,6% estavam nessa condição (0,2 p.p. a mais que em 2017). Por outro lado, 28,1% das mulheres e 41,7% dos homens apenas trabalhavam e 30,2% das mulheres e 27% dos homens apenas estudavam ou se qualificavam.
Foto:Thiago Vilarins – Sucursal Brasília

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