Armando Brasil espera que audiências de instrução possam terminar de elucidar o crime | Celso Rodrigues
Matadores da chacina que vitimou 11 pessoas no último dia 19 de maio, no bairro do Guamá, utilizaram munição de uso exclusivo da Polícia Militar. A comprovação foi feita pela Promotoria de Justiça Militar após investigações junto à empresa fornecedora dos cartuchos, que enviou cópias de documentos e comprovantes provando que a munição deveria ter sido usada no treinamento de policiais, mas foram desviadas no depósito de suprimentos da corporação.
O Promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, ofereceu denúncia à Justiça, ontem (3), contra os quatro policiais militares envolvidos na Chacina. Ele propôs inicialmente uma ação penal com base no artigo 150 do Código Penal Militar, pelos crimes de organização para prática de violência e peculato. Em sequência, Brasil pedirá, através de ação de improbidade administrativa, o desligamento dos militares denunciados.
“A munição de treinamento não serve para serviço de policiamento das ruas. Ela tem menos pólvora no cartucho. Então, se eles estavam com ela, é porque houve alguma irregularidade na prestação”, diz o promotor. “Alguém do paiol está desviando essa munição e abastecendo essas organizações criminosas”, explica, assegurando ter garantias suficientes do desvio e da conduta criminosa dos participantes da chacina. “Dois policiais, o Nogueira e o Noronha extraviaram pistola ponto 40 do quartel. Como eles sentiram que estavam prestes a serem presos pela Polícia Civil, eles se desfizeram desse material, que ainda não foi encontrado, configurando o crime de peculato”, detalha.
O promotor ressalta que logo após o crime, quando as investigações apontavam para a participação de militares, vários indícios foram identificados, comprovando a ligação entre o furto das munições e os, até então, suspeitos. “O Nogueira disse que foi correr no Portal da Amazônia, deixou a arma dentro do carro, um procedimento que nenhum policial faz, e quando ele voltou a arma não estava mais lá. O outro disse que a arma sumiu em Abaetetuba, não sabe como, então denunciei todos eles porpeculato”, explica.
VENDA
Armando solicitou à Companhia Brasileira de Cartucho (CBC), informações sobre o lite das munições, e eles disseram que o lote em questão foi vendido para a Polícia Militar do Pará. Por fim, ele acredita que nas audiências de instrução, a principal informação levantada até o momento poderá ser corretamente respondida, que é de quem ordenou o massacre.
Até o momento, os quatro denunciados pelo promotor militar estão presos por ordem da justiça comum. Ao todo, seis testemunhas foram arroladas na ação, que junto aos acusados, munidos de defesa prévia, serão ouvidos pelo juiz e o promotor. “Eles não dizem o motivo de terem cometido o crime. Eu acredito que durante a instrução criminal, teremos a oportunidade de saber o porquê dele ter sido cometido.”, finaliza. Até o fechamento desta edição, a Polícia Militar ainda não havia se posicionamento sobre o assunto.
Fonte: ( DOL )
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