Traficantes de uma facção criminosa do Rio inventaram uma forma de ostentar sua ligação com o crime: bonés personalizados com referências sobre as comunidades onde atuam. As características do acessório variam de acordo com a favela. No Complexo da Serrinha, por exemplo, o boné traz o desenho de um jacaré, em referência ao chefe do morro, Walace de Brito Trindade, que é conhecido como Lacoste. Já no caso do Dendê, a peça traz o desenho do Incrível Hulk, apelido do traficante Gilberto Coelho de Oliveira.
A nova moda entre os traficantes já está na mira da 166ª DP (Angra dos Reis). Investigadores da delegacia identificaram uma foto que mostra dois traficantes usando um boné com o nome do Complexo do Belém e uma bandeira da Argentina, que seria uma referência a Helder da Silva, o HD, apontado como chefe do tráfico na região.
— Esse fato novo vai servir para corroborar outras investigações sobre o tráfico de drogas na região — diz o delegado Celso Gustavo Castello Ribeiro, titular da delegacia de Angra.
Nas redes sociais, é possível encontrar modelos de bonés fazendo referência a diversas comunidades, todas dominadas por uma mesma facção. A ousadia dos criminosos chamou a atenção da Delegacia de Combate às Drogas. De acordo com o delegado Reginaldo Félix, a personalização de roupas é um comportamento novo da facção.
— É comum ver desenhos e caricaturas em paredes de comunidades fazendo alusão ao chefe do tráfico, para chamar a atenção, mas usar isso em roupas é novidade. Não acredito que vão sair da comunidade com o boné, porque podem passar por áreas dominadas por outra facção e acabar sofrendo uma represália. Suponho que seja para uso interno, em eventos dentro da comunidade. Ainda assim, seria como um crachá do crime e certamente iria chamar a atenção da polícia — avalia.
Em um dos abadás, também aparecia o anão Zangado, personagem da história "Branca de Neve e os Sete Anões". Seria uma referência clara ao traficante Fabiano Santos de Jesus, conhecido como Zangado.
As imagens das camisas foram publicadas nas redes sociais. Segundo o post, os abadás seriam usados no evento "Maré Folia". O delegado Wellington Vieira, titular da 21ªDP (Bonsucesso), avaliou que a prática configura apologia ao crime, tipificação prevista no Código Penal.
Com informações de Extra
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