segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
"Fogo foi para vender lotes e contou com ajuda de policiais", afirma prefeito de Santarém
Parece que o ator Leonardo Di Caprio não mandou incendiar Alter do Chão. O portal Repórter Brasil divulgou neste domingo (1°) um áudio inédito do prefeito de Santarém, oeste paraense, Nélio Aguiar (DEM), afirmando ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que o incêndio em Alter do Chão foi causado por criminosos que querem destruir as áreas de preservação ambiental para fazer loteamentos e vender terrenos à especulação imobiliária. O prefeito da cidade disse que entre os criminosos estão policiais civis.
No áudio, Aguiar diz que "tem policial por trás, o povo lá anda armado" e pede a intervenção não só do Corpo de Bombeiros, mas também da Polícia Militar para "identificar esses criminosos".
O contato teria sido feito no dia em que um incêndio de grandes proporções atingiu a Área de Proteção Ambiental de Alter, em 15 de setembro.
Leia a fala do prefeito completa:
"Governador, bom dia. A Sema (Secretária Municipal de Meio Ambiente) municipal já tá envolvida, mas essa área é uma área de invasores, [ininteligível] Tem policial por trás, o povo lá anda armado, o bombeiro só tá com a brigada, o bombeiro não tá indo lá, já falei pro Coronel Tito que precisa ir o bombeiro e combater o fogo, logo, imediatamente, tá muito seco, muito sol e a Polícia Militar, a companhia ambiental, tem que ir junto, armada, para identificar esses criminosos, isso é gente tocando fogo para depois querer fazer loteamento, vender terreno, prender uns líderes desses, esses criminosos aí e acabar com essa situação, mas a gente precisa de apoio do Corpo de Bombeiros?"
A fala do prefeito coloca em xeque o inquérito da Polícia Civil que prendeu na última terça-feira (26)quatro voluntários da Brigada de Incêndio Florestal de Alter do Chão, acusados de terem iniciado o fogo. Além disso, o áudio confirma a linha de investigação do Ministério Público Federal, que aponta que o incêndio em Alter do Chão foi provocado por grileiros interessados em vender lotes —e não pelos brigadistas.
Prefeito e governador confirmam áudio
Procurado pela Repórter Brasil neste domingo (1º), Aguiar confirma o envio do áudio a Barbalho e diz que "o governo respondeu prontamente, ainda pela manhã do domingo [15 de setembro], quando estava ocorrendo o incêndio. Chegou Polícia Militar, chegou Corpo de Bombeiros e à tarde chegaram soldados do Exército". Ele, no entanto, faz a ressalva de que, como prefeito, não pode fazer prejulgamento e nem dizer quem é culpado pelo incêndio, já que isso é um papel da polícia ou da Justiça.
O governo do Pará confirmou que recebeu o áudio de Aguiar.
"Assim que recebeu a solicitação [do prefeito], o governador Helder Barbalho determinou que o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar dessem suporte à operação de combate ao incêndio - o que foi feito. Todos os recursos foram disponibilizados, inclusive aeronave de combate a incêndios florestais da PM", diz a nota, destacando que a troca do delegado ocorreu porque o atual é especializado em crimes ambientais, o que não ocorria com o anterior. "É fundamental que o Estado chegue aos autores, que devem pagar pelos crimes cometidos", ressalta.
Aguiar argumentou sobre o conteúdo do recado ao governador. "Não afirmei que alguém teria tocado fogo no áudio que mandei para o governador, falei que é uma área de conflito desde 2015 e que tem uma pessoa foragida. Uma área perigosa, uma área de conflito e que a suspeita do incêndio era criminoso. Eu não sou polícia, sou prefeito, não tenho poder de investigação nem de mandar na polícia", afirmou.
Aguiar também garantiu ao Repórter Brasil que foi um dos primeiros a chegar ao local das queimadas. "Fui o primeiro a chegar na área, encontrei os brigadistas, estavam só eles, umas 10 pessoas. E fomos lá ver se estavam precisando de ajuda, e acionei todo mundo para ajudá-los, sempre mantendo informado o governador, mandando áudios para ele."
O prefeito diz que também pediu que a Polícia Federal e a Polícia Civil investigassem a grilagem de terras e a especulação imobiliária em Alter do Chão.
Com informações do Repórter Brasil
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