quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Entidade que pediu retirada de vídeo do Porta dos Fundos já processou o grupo


Responsável pela ação que pediu a retirada do vídeo do especial de Natal do Porta dos Fundos, o Centro Dom Bosco já havia entrado com um outro processo contra o grupo de humor, por conta do vídeo "Céu católico", em 2017. A associação religiosa alegava estar amparada pelo artigo da Constituição que garante a liberdade religiosa e do Código Penal, que proíbe vilipêndio de culto. Na época, pediam por R$ 5 milhões de indenização (R$ 1 por cada visualização do vídeo). A Justiça não entendeu que houve danos morais.


O Centro Dom Bosco é uma associação católica de leigos, fundada em setembro de 2016. Ele funciona em uma sala no Centro do Rio e oferece cursos e oficinas de filosofia, teologia, latim e canto gregoriano. A luta contra o aborto é apenas uma das várias em que o grupo já se envolveu. Seu objetivo é a "recristianização do Brasil" e o fim do estado laico.

Retirada de vídeo da plataforma de streaming

A Justiça do Rio ordenou que a produtora Porta dos Fundos e a Netflix retirem do ar o especial de Natal "A primeira tentação de Cristo". A decisão, segundo o Blog da coluna do jornalista Ancelmo Gois de O Globo, foi do desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível.

Essa determinação acontece depois de um pedido feito pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura. Em primeira instância, o pedido havia sido negado.

O filme, lançado no início de dezembro do ano passado, gerou muita polêmica entre religiosos ao mostrar um Jesus (Gregório Duvivier) gay. Na história, ele ganha uma festa de aniversário surpresa para celebrar os seus 30 anos e, sem querer, se vê obrigado a apresentar um convidado especial (vivido por Fábio Porchat) para toda a família, já que chegou à festa acompanhado. Mas esta não é a única emoção da noite: o aniversariante ouve dos pais, Maria e José, que ele foi adotado e é filho de Deus.

Desde 2013, o Porta dos Fundos publica especiais de Natal todo dezembro. O filme do ano passado, "Se beber, não ceie", venceu o Emmy Internacional por melhor comédia no final de novembro.

Decisão do desembargador:

"Por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo a liminar na forma requerida."

(Com informações do EXTRA)

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